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atividade econômica

Depois da tempestade a bonança

A atividade econômica no segundo trimestre de 2020 foi marcada pelas implicações do Covid-19. O choque se iniciou em meados de março e teve seu momento mais profundo em abril. Em maio já assistimos alguma recuperação da atividade econômica que se acelerou em junho. Nossas estimativas indicam uma queda de 10% do PIB no segundo trimestre de 2020, após queda de 1,5% no primeiro trimestre. Com a recuperação pós quarentena esperamos que o nível de atividade em dezembro de 2020 esteja 5% abaixo do de dezembro de 2019.

A grande mazela econômica que o Covid deixará para o Brasil será o tamanho da dívida pública brasileira, que deverá superar os 90% do PIB no final do ano. Com isso, o risco fiscal volta a ser o grande desafio do país. Questão que pensávamos ter equacionado em boa parte após a reforma da previdência no ano passado. Tal risco reduz a atratividade do país para o fluxo de capital estrangeiro, o que somado a imagem do país com respeito ao seu desempenho nas questões sanitárias e ambientais levaram a uma depreciação maior do câmbio. Com as divisas estrangeiras mais caras, o balanço de pagamentos encontra seu equilíbrio com superávit comercial elevado, contas de capital e corrente perto do zero.

O menor nível de atividade econômica reduz a pressão inflacionária e com isso vemos o nível de preços subindo esse ano por volta de 2% e um juro real por volta de zero, na medida em que o Banco Central já colocou a Selic em 2,25% e deixou alguma possibilidade de cortar mais 0,25%. O BC explicitou que por conta do risco país o patamar do juro atual seria um limite inferior efetivo para os juros. Vemos os juros ficando nesse patamar baixo por um bom tempo, o que oferece um suporte importante para os preços dos ativos financeiros. Dinâmica semelhante a que vem ocorrendo na maioria dos países do mundo.

Isso fez com que as bolsas do mundo como um todo tivessem recuperações muito acima do esperado por todos. Assim como as quedas o foram. Como sempre dizemos tentar adivinhar os movimentos é impossível. Acho que desta vez, tanto na ida, quanto na volta isso ficou bem claro. Quem ganha é quem tem paciência e espera no longo prazo. Como diria Warren Buffet: o mercado é uma máquina de transferir dinheiro dos impacientes para os pacientes.

O Reach Fia rendeu 37% no trimestre e o Total Return 42%, uma rentabilidade que nunca tivemos num trimestre. Ainda não foi suficiente para zerar o ganho no ano, mas que em 12 meses já mostra um retorno positivo.

Procuramos manter nossa alocação em ações estável durante todo o período. Algumas de nossas empresas tiveram perdas maiores no inicio por ter menor liquidez e sua recuperação demorou mais a vir, como BTG que zerou as perdas no ano depois de cair quase 50%, Mills (que teve a maior parte da recuperação agora em julho, depois que o mercado teve mais conversas com a empresa) e Cogna com o início do IPO da sua unidade Vasta que havia sido postergado no meio da pandemia. Nossas alocações em empresas ligadas a tecnologia tiveram uma performance incrível superando os preços de início do ano com a aceleração de anos que viriam em termos de ecommerce em algumas poucas semanas. No FIA temos Magazine Luiza bem explicada na carta, além de Via Varejo. No Total Return temos Mercado Livre como a maior posição do fundo que teve retornos excepcionais, assim como vem sido seu desempenho enquanto melhoras operacionais de user experience como um todo, mas notadamente no aplicativo e em logística. No meio do caminho montamos uma posição no Frigorifico Minerva, que teve uma rentabilidade tão boa que atingiu nosso preço alvo, o que nos levou a zerar posição, felizmente antes da China estabelecer novas restrições a importação de carne brasileira.

No atual momento acreditamos que deve acontecer uma rotação entre as empresas que andaram mais e tem mais crescimento a frente, para aquelas que tem mais valor presente e foram muito descontadas. Então fizemos um movimento de voltar a comprar Itaú para o fundo, uma das ações que deu mais retorno na historia, mas que estava fora da nossa carteira ha quase 3 anos e ainda acumula uma perda de quase 30% no ano. Itaú hoje tem um dividendo de quase 2x o CDI é um grande gerador de caixa e esta em negócios que dificilmente as fintechs se aventurarão, além de ter 46% do resultado da XP e uma call de mais 12%. Seu valor hoje ajustado a tudo isso é um dos mais baixos da história e mesmo com toda a disrupção, ele tem umas das mentes mais brilhantes do Brasil , a melhor clientela e um conhecimento de crédito difícil de ser replicado.

Acreditamos que as principais empresas criadoras de valor são as que movem as grandes narrativas do nosso tempo. Na época da revolução industrial americana tivemos a US Steel, a Standard Oil, a Casa Bancaria Morgan, o império de transporte dos Vanderbilt.

E hoje no Brasil? Quais são as grandes narrativas?

  1. 1) Novo marco regulatório do saneamento básico.
  2. 2) Transformação digital do varejo.
  3. 3) Aumento da concorrência no setor financeiro com digitalização
  4. 4) Baixas taxas de juros, viabilizam negócios que não faziam sentido. Emprestar capital passa a ser mais rentável através de bens do que dinheiro diretamente.
  5. 5) Reforma do estado com privatizações e mudanças tributárias potenciais.
  6. 6) Transformação digital nos serviços: saúde e educação, o que muda nesse novo mundo? EAD? Verticalização da saúde? alguma disrupção?
  7. 7) Marcha para o oeste: expansão agrícola tem levado o desenvolvimento para o interior do país, inicialmente o oeste e agora mais ao norte com as hidrovias.

Nossa busca de boas empresas deve seguir nossa analise micro guiadas por esses temas que ainda tem muito potencial de retorno para ser destravado nos próximos anos.

Confira mais informações na carta trimestral da Reach Capital