Uma visão da economia
Recentemente tivemos notícias importantes nos frontes epidemiológico, econômico, e político, que trouxeram de modo geral mais alento para desempenho futuro da economia, a saber:
Do lado epidemiológico, vimos no Brasil a curva de óbitos começar a cair do plateau de 1000 mortes diárias. Nos EUA, a curva de novos casos caiu. Na Europa, apesar do verão europeu ter feito surgir novos casos , esse aumento não se refletiu de modo significativo em óbitos. Por isso, os líderes europeus reafirmaram que não havia necessidade de uma suspensão relevante das atividades econômicas. Em resumo, o risco de uma segunda onda se dissipou.
Além disso, o avanço na testagem das vacinas e de sua capacidade produtiva reforçou a ideia de que na virada do ano iniciaremos a vacinação em massa no Brasil. Nos EUA houve anúncio de que a vacinação já começa em novembro. Com a vacinação vem a normalização da economia.
Na atividade econômica tivemos dados positivos de criação de emprego e renda no Brasil e no mundo. No Brasil, julho já foi mês de criação de empregos formais. Nos EUA e Europa a recuperação vai de vento em popa e os indicadores antecedentes continuam apontando para aceleração.
Política Econômica
Em termos de política econômica tivemos um anúncio pelo presidente do Fed de mudança da política de determinação dos juros nos EUA. Agora o alvo é uma média da inflação sem fórmula. De modo que o Fed não vai subir os juros se a inflação subir pontualmente. Isso fez com que o mercado entendesse que o Fed deixará o juro de curto prazo baixo por mais tempo e trouxe alento para os mercados. No Brasil tivemos o anúncio da continuação do auxílio emergencial no valor de R$ 300,00 até o final do ano. Isso dará suporte a atividade econômica no quarto trimestre.
Na área política, tivemos um aumento de chance da reeleição do Trump reduzindo o risco de aumento de impostos para as empresas nos EUA, isso trouxe suporte aos preços de empresas por lá. No Brasil, tivemos a pesquisa do Datafolha mostrando o aumento de sua aprovação para 37%. Isso estremeceu o mundo político elevando em muito a probabilidade de reeleição de um governo pró negócios e pró mercado.
Questão fiscal é pauta no mercado brasileiro
O grande dilema que pautou o mercado brasileiro nos últimos tempos é a questão fiscal. De fato, em cenários com contenção de despesa e de juro real reduzido teremos uma dívida pública estabilizando acima de 100% do PIB. Diante do cenário houve discussão sobre como lidar com o desafio, que gerou volatilidade nos mercados. Mas governo reforçou compromisso com o tema em diversas oportunidades. O último aceno do governo foi o anúncio do envio ao Congresso da reforma administrativa. É claro que ela não tem o condão de dissipar o problema fiscal grave que tem o país. Mas não há solução mágica nem única.
Vencer o desafio fiscal brasileiro requererá muito sangue suor e lágrimas. Será uma luta contínua composta de vários elementos que incluem a reforma do estado brasileiro incluindo a reforma administrativa e do pacto federativo, privatizações para reduzir o tamanho da dívida pública e a luta contínua contra os grupos de interesse que se articulam para elevar seu quinhão no butim estatal. É desafiador, mas é possível e o governo atual parece ter compromisso com essa agenda.
O governo federal parece também ter foco numa agenda que promova a sua reeleição, o que aparentemente pode ser conflitante com a agenda do desafio fiscal. Mas se conduzida com responsabilidade pode permitir um plano plurianual equacionamento dos déficits estruturais que se instalaram na economia brasileira.