{"id":319,"date":"2020-10-22T11:30:45","date_gmt":"2020-10-22T14:30:45","guid":{"rendered":"https:\/\/igorbarenboim.com.br\/?p=319"},"modified":"2022-04-22T12:13:45","modified_gmt":"2022-04-22T15:13:45","slug":"covid-19-o-que-vem-depois-da-recuperacao-em-v","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/igorbarenboim.com.br\/pt-br\/covid-19-o-que-vem-depois-da-recuperacao-em-v\/","title":{"rendered":"Covid-19 – O que vem depois da recupera\u00e7\u00e3o em V?"},"content":{"rendered":"
A economia mundial foi atingida pelo COVID-19 e para enfrentar tal mazela, a decis\u00e3o foi manter as pessoas em casa. Para preservar a capacidade de consumo da popula\u00e7\u00e3o, o Governo decidiu que a sociedade deveria se endividar como um todo para assim oferecer suporte \u00e0s pessoas.<\/p>\n
Ap\u00f3s um semestre desse conjunto de decis\u00f5es importantes, as informa\u00e7\u00f5es de que em alguns meses a vacina estar\u00e1 dispon\u00edvel desperta uma pergunta: a estrat\u00e9gia funcionou?<\/p>\n
Para o economista Igor Barenboim, diferente das estimativas iniciais, o Brasil perdeu menos vidas do que se imaginava. Al\u00e9m disso, a economia respondeu bem aos est\u00edmulos fiscais e monet\u00e1rios com a retomada em V. Contudo, h\u00e1 um contraponto: a d\u00edvida p\u00fablica subiu no pa\u00eds, em rela\u00e7\u00e3o a renda nacional por exemplo, elevou-se mais que dez pontos percentuais.<\/p>\n
O economista refor\u00e7a que a economia que come\u00e7ava a surgir ap\u00f3s a reforma da previd\u00eancia em 2019, foi gasta no ano seguinte para amparar a sociedade diante da Covid-19. Municiado de todas essas informa\u00e7\u00f5es, Igor Barenboim tra\u00e7a um progn\u00f3stico para a economia nacional.<\/p>\n
A crise do Coronav\u00edrus fez com que as economias avan\u00e7adas dobrassem a aposta nos est\u00edmulos fiscais e monet\u00e1rios implantados ap\u00f3s a grande crise financeira mundial de 2008. Naquele ano, essas economias decidiram cortar juros para perto de zero e adotar medidas de est\u00edmulo monet\u00e1rio mais heterodoxas, como o relaxamento monet\u00e1rio quantitativo. Ou seja, utilizar os bancos centrais para comprar t\u00edtulo de d\u00edvida de forma a inflar artificialmente os seus pre\u00e7os.<\/p>\n
\u00c0 \u00e9poca, imaginava-se tratar de pol\u00edticas tempor\u00e1rias que seriam removidas rapidamente. Por\u00e9m, 12 anos depois, com o surto da pandemia, coube as autoridades monet\u00e1rias dobrar a aposta. Juros reais negativos se tornaram prevalentes e a percep\u00e7\u00e3o de que pre\u00e7os de ativos n\u00e3o refletem seu risco retorno efetivo s\u00e3o prevalentes em muitas rodas no setor privado.<\/p>\n
Entretanto, o \u00edmpeto para desafiar a avalanche monet\u00e1ria \u00e9 pequeno depois de mais de uma d\u00e9cada desse tipo de pol\u00edtica que chegou inclusive a muitos pa\u00edses emergentes. Do outro lado do balc\u00e3o, bancos centrais se veem ref\u00e9m desses est\u00edmulos receosos de que, caso sejam removidos, a economia entre em depress\u00e3o.<\/p>\n
Nesse contexto, o mundo passa por um equil\u00edbrio de baixo crescimento, alto endividamento, baixos juros e elevados pre\u00e7os de ativos. Um detalhe preocupante sobre isso: essa \u00faltima perna do equil\u00edbrio trouxe muita frustra\u00e7\u00e3o a nova gera\u00e7\u00e3o (millenials) que n\u00e3o consegue ter alta renda e nem capacidade de comprar suas casas nas cidades onde encontram trabalho.<\/p>\n
Ademais a globaliza\u00e7\u00e3o levou empregos para fora dos pa\u00edses centrais fazendo com que a nova gera\u00e7\u00e3o n\u00e3o consiga ter uma condi\u00e7\u00e3o de vida superior a de seus pais. Essa sensa\u00e7\u00e3o de n\u00e3o conseguir ir para frente gera uma frustra\u00e7\u00e3o grande com o sistema capitalista e com a globaliza\u00e7\u00e3o que se reflete na elei\u00e7\u00e3o de pol\u00edticos que representam essa frustra\u00e7\u00e3o de demandas como Trump e Johnson. Esses s\u00e3o art\u00edfices do processo de desglobaliza\u00e7\u00e3o ora em curso com consequ\u00eancias negativas para o poder de compra e crescimento econ\u00f4mico mundial.<\/p>\n
Dessa forma, h\u00e1 press\u00e3o para um aumento de custos com a desglobaliza\u00e7\u00e3o e press\u00f5es pela manuten\u00e7\u00e3o de est\u00edmulos por conta da falta de crescimento. Sendo assim, caminha-se gradualmente para uma estagfla\u00e7\u00e3o global em que o Brasil, pa\u00eds pouco integrado \u00e0s cadeias globais, \u00e9 certamente um dos mais protegidos. Por isso, o mais importante \u00e9 enfrentar os desafios internos e encontrar o equil\u00edbrio e caminho do desenvolvimento.<\/p>\n
Para fechar seu argumento, Igor Barenboim ainda ressalta que o Brasil se encontra com d\u00edvida enorme de quase 100% de seu PIB, al\u00e9m claro, de uma din\u00e2mica de baixo crescimento por conta da incerteza institucional que o assola.<\/p>\n
Por um lado o crescimento do gasto p\u00fablico \u00e9 certo, mas o financiamento para ele n\u00e3o \u00e9. Fica a d\u00favida de como se fechar\u00e1 a equa\u00e7\u00e3o, cortar\u00e3o gastos obrigat\u00f3rios ou aumentar\u00e3o os impostos? Se s\u00e3o os impostos, quais? Como investir nesse ambiente de alta incerteza?<\/p>\n
Essa \u00e9 a agenda principal. O governo Bolsonaro est\u00e1 nessa encruzilhada agora e com elevado capital pol\u00edtico para encaminh\u00e1-la. Historicamente, a Rep\u00fablica brasileira n\u00e3o \u00e9 chegada a sa\u00eddas revolucion\u00e1rias, estilo Big Bang, o caminho \u00e9 vagar na dire\u00e7\u00e3o requerida.<\/p>\n
Igor acredita que o caminho a ser seguido \u00e9 por algum corte de despesas obrigat\u00f3rias, alguma reforma tribut\u00e1ria majorando impostos na medida suficiente para alavancar a economia. Al\u00e9m disso, ele tamb\u00e9m ressalta que deve haver bastante espa\u00e7o para a liberaliza\u00e7\u00e3o de setores importantes da economia como feito recentemente no saneamento e no setor de g\u00e1s. Ele encerra o seu ponto refor\u00e7ando que h\u00e1 muitos frutos para serem colhidos nessa caminhada.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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