Igor Barenboim<\/strong><\/a>, s\u00f3cio e economista chefe da Reach Capital, os juros tendem a ficar no mesmo patamar no ano que vem, sem chances de cortes ou eleva\u00e7\u00f5es abruptas.<\/p>\n\u201cTemos muitas pe\u00e7as se movendo, deixando o leque de sa\u00eddas muito restrito e dif\u00edcil. Como o cen\u00e1rio tamb\u00e9m conta com elei\u00e7\u00e3o, as incertezas dominam o horizonte. Para complicar, h\u00e1 a crise h\u00eddrica pressionando a infla\u00e7\u00e3o, combina\u00e7\u00e3o que n\u00e3o deve sair do notici\u00e1rio t\u00e3o cedo. Depois que terminarmos o ciclo de alta este ano, acho que se tem pouco espa\u00e7o para corte de juros em 2022\u2033, analisa.<\/p>\n
Na expectativa para a Selic, Yuri Cavalcante, s\u00f3cio e assessor de investimentos da Aplix, faz uma previs\u00e3o semelhante. Em um cen\u00e1rio com condi\u00e7\u00f5es normais de temperatura e press\u00e3o, a taxa deve se manter est\u00e1vel em 2022, mas qualquer adversidade pode colocar o cen\u00e1rio em cheque.<\/p>\n
\u201cTentar acertar o n\u00famero da taxa em um cen\u00e1rio turbulento \u00e9 praticamente imposs\u00edvel. Mas em um cen\u00e1rio complicado de elei\u00e7\u00f5es, por exemplo, ter\u00edamos um aumento da taxa de juros para tentar equilibrar esse vi\u00e9s de risco. O principal ponto \u00e9 a quest\u00e3o do teto de gastos. \u00c9 importante a discuss\u00e3o de como v\u00e3o ser financiados alguns programas sociais como o Aux\u00edlio Brasil [novo Bolsa Fam\u00edlia]. Isso deve ser a principal preocupa\u00e7\u00e3o\u201d, afirma.<\/p>\n
Escalada tamb\u00e9m \u00e9 fruto de baixa hist\u00f3rica da Selic<\/h2>\n Em 2020, em decorr\u00eancia da pandemia, o Bacen reduziu a Selic para os menores n\u00edveis da hist\u00f3rica, a 2% ao ano, em uma postura dovish \u2013 respondendo \u00e0 crise sanit\u00e1ria e estimulando o consumo. Mas os movimentos da institui\u00e7\u00e3o foram, de acordo com os economistas, em algum n\u00edvel respons\u00e1veis pela infla\u00e7\u00e3o atual, considerada exorbitante.<\/p>\n
O \u00cdndice Nacional de Pre\u00e7os ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), pr\u00e9via da infla\u00e7\u00e3o oficial, registrou alta de pre\u00e7os de 0,89% em agosto. A taxa \u00e9 superior ao 0,72% de julho deste ano e a maior varia\u00e7\u00e3o para um m\u00eas de agosto desde 2002 (1%).<\/p>\n
O IPCA-15 acumula taxas de infla\u00e7\u00e3o de 5,81% no ano e de 9,30% em 12 meses, segundo dados divulgados na quarta (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat\u00edstica (IBGE). Ao menos quatro capitais est\u00e3o com alta em dois d\u00edgitos: Porto Alegre (10,37%), Goi\u00e2nia (10,67%), Fortaleza (11,37%) e Curitiba (11,43%)<\/p>\n
Alguns economistas preferem poupar cr\u00edticas ao BC em raz\u00e3o da total instabilidade do cen\u00e1rio. \u201cCavalo corrido \u00e9 f\u00e1cil de falar. Ningu\u00e9m tem d\u00favida que deu errado, j\u00e1 que agora a infla\u00e7\u00e3o se mostra cada vez mais elevada. Em 2020, eu dizia que n\u00e3o daria para baixar tanto a taxa\u201d, afirma Barenboim, da Reach.<\/p>\n
A infla\u00e7\u00e3o, atualmente, segue em escalada. O \u00cdndice de Pre\u00e7os ao Consumidor Amplo (IPCA), teve varia\u00e7\u00e3o de 0,96% de alta no dado reportado em 10 de agosto e referente ao m\u00eas de julho, n\u00famero novamente mais alto das expectativas do mercado.<\/p>\n
A alta em quest\u00e3o foi a maior desde 2002, se considerarmos somente o m\u00eas de julho. Com isso, o anualizado do \u00edndice j\u00e1 apresenta um crescimento de 8,99% no anualizado.<\/p>\n
\u201cEu entendo que o melhor cen\u00e1rio, e poss\u00edvel, \u00e9 de alguma desacelera\u00e7\u00e3o. Esses choques tempor\u00e1rios n\u00e3o devem se materializar na mesma intensidade no ano que vem. A infla\u00e7\u00e3o, acima da meta do Banco Central e maior que a dos anos anteriores, pode retroceder em rela\u00e7\u00e3o a este ano, com o avan\u00e7o da vacina\u00e7\u00e3o e retomada da economia com o fim das medidas de restri\u00e7\u00e3o\u201d, analisa Jos\u00e9 Mauro Delella, consultor da Alta Vista investimentos.<\/p>\n
Santander v\u00ea 6,25% em setembro<\/h2>\n Em relat\u00f3rio publicado no in\u00edcio de agosto, o Santander (SANB11) mostra uma expectativa para os juros dentro do consenso, com Selic a 7,5% no final deste ano, caindo para 7% apenas em 2023, quando o banco prev\u00ea que o IPCA fique na meta intermedi\u00e1ria.<\/p>\n
\u201cAo nosso ver, uma resposta mais hawkish do BCB, principalmente o sinal de um maior ajuste total da taxa de juros neste ciclo (ou seja, alcan\u00e7ando um panorama contracionista agora), era garantido. Acreditamos que esta \u00e9 a melhor resposta para as crescentes press\u00f5es inflacion\u00e1rias. Continuamos esperando nova alta da Selic de 100 bps. basic points (para 6,25%), em setembro e consequente movimento de 75 bps em outubro\u201d, diz o time de an\u00e1lise.<\/p>\n
Al\u00e9m disso, os analistas ressaltam que incorporam aos estudos \u201cum \u00faltimo movimento de 50 bps em dezembro na linha de base cen\u00e1rio\u201d, o que eleva a previs\u00e3o da Selic ainda em 2021 de 7% para 7,5%.<\/p>\n
Fed \u00e9 uma pe\u00e7a pesada no tabuleiro<\/h2>\n No radar e nas discuss\u00f5es do mercado a cada reuni\u00e3o do Copom, as decis\u00f5es do Federal Reserve (Fed) tamb\u00e9m s\u00e3o um grande norte para os analistas. O banco americano encontra-se em situa\u00e7\u00e3o parecida com a do Brasil, guardadas as propor\u00e7\u00f5es, por causa do panorama p\u00f3s-covid, mas lida com um risco fiscal menor e um passado com juros mais est\u00e1veis \u2013 baixos, por\u00e9m seguindo a naturalidade.<\/p>\n
\u201cQuando olhamos para bancos centrais exteriores, vemos BCs menos expansionistas. N\u00e3o vejo decis\u00f5es semelhantes \u00e0s que s\u00e3o tomadas pelo Bacen no Brasil. Aqui, nos antecipamos ao processo de crescimento inflacion\u00e1rios. O Brasil foi um dos primeiros a subir juros. O Fed ainda est\u00e1 dando sinais de que vai come\u00e7ar com o tappering\u201d, cita Delella.<\/p>\n
Al\u00e9m do risco fiscal e das elei\u00e7\u00f5es, alguns analistas veem uma possibilidade de influ\u00eancia das decis\u00f5es em solo americano \u2014 considerando que a discuss\u00e3o da natureza da infla\u00e7\u00e3o \u00e9 praticamente igual \u00e0 que \u00e9 feita aqui. O grande ponto \u00e9 se a infla\u00e7\u00e3o vista \u00e9 tempor\u00e1ria ou permanente.<\/p>\n
\u201c\u00c9 algo a se observar e acho que em geral o mercado tem dado muito pouco peso para isso. Assim como no Brasil, existe esse debate se a infla\u00e7\u00e3o tem car\u00e1ter permanente ou n\u00e3o. Os mercados n\u00e3o se estressaram em virtude da sinaliza\u00e7\u00e3o do Fed e a popula\u00e7\u00e3o ainda acredita no car\u00e1ter da infla\u00e7\u00e3o como fruto da pandemia. Por\u00e9m, h\u00e1 uma pequena probabilidade de essa infla\u00e7\u00e3o ser mais acentuada e at\u00e9 permanente \u2013 e esse foi o justamente o tom da \u00faltima reuni\u00e3o do Fomc\u201c, afirma Jo\u00e3o Beck, especialista em investimentos e s\u00f3cio da BRA, escrit\u00f3rio vinculado \u00e0 XP.<\/p>\n
O investidor e a alta da Selic<\/h2>\n Outro debate frequentemente levantado com a escalada dos juros \u00e9 a mudan\u00e7a na estrat\u00e9gia de investimentos, visando mais ativos de renda fixa \u2013 considerando que juros baixos tendem a estimular atratividade da bolsa.<\/p>\n
\u201cQuando olhamos pre\u00e7os hist\u00f3ricos e estudamos mercados de a\u00e7\u00f5es, vemos que a Selic ainda est\u00e1 relativamente baixa em um contexto mais abrangente. Ainda teremos um segundo semestre n\u00e3o t\u00e3o f\u00e1cil. Aproveitamos a escalada dos juros para olhar com mais carinho para ativos vinculados ao IPCA\u201d, ressalta Cavalcante, da Aplix.<\/p>\n
Por outro lado, a tend\u00eancia de o mercado se antecipar aos eventos da economia pode denotar uma precifica\u00e7\u00e3o j\u00e1 vista nos ativos. Apesar de a temporada de balan\u00e7os ter superado as expectativas das corretoras, o Ibovespa ainda segue em patamares abaixo dos vistos em junho, quanto atingiu sua m\u00e1xima hist\u00f3rica.<\/p>\n
Esse fen\u00f4meno \u00e9 um dos argumentos de quem acredita que a Selic em 2021 j\u00e1 se encontra precificada.<\/p>\n
\u201cVejo mudan\u00e7as nos produtos de investimentos. Isso ocorre naturalmente, em decorr\u00eancia do custo de oportunidade. Contudo, os contratos de DI futuro j\u00e1 precificam esse cen\u00e1rio de Selic alta \u2014 em alguns t\u00edtulos isso j\u00e1 est\u00e1 muito evidente. A poss\u00edvel debandada da bolsa j\u00e1 chegou a ocorrer. Independente da queda do Ibovespa, tem de se pensar que a bolsa fica na m\u00e9dia de 120 mil, mas os balan\u00e7os empregam um lucro relevantemente maior do que o per\u00edodo pr\u00e9-covid. Esse peso na bolsa j\u00e1 ocorre: era para estar na casa dos 150 mil, se n\u00e3o fosse a escalada dos juros\u201d, ressalta Beck.<\/p>\n
A bolsa deve voltar a ganhar mais for\u00e7a com uma Selic est\u00e1vel em 2022. Esse \u00e9 o cen\u00e1rio mais prov\u00e1vel que o investidor pode aguardar, dizem os especialistas.<\/p>\n
Fonte<\/strong>: https:\/\/www.suno.com.br\/noticias\/selic-prognostico-2022-taxa-juros-bc-bacen\/<\/a><\/p>\n <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Com a escalada na taxa de juros e a alta de um ponto percentual na Selic na \u00faltima reuni\u00e3o do Comit\u00ea de Pol\u00edtica Monet\u00e1ria (Copom), para 5,25% ao ano, \u00e9 praticamente certo que o Banco Central manter\u00e1 uma postura cada vez mais austera na pol\u00edtica econ\u00f4mica neste segundo semestre de 2021. Ou seja, vai seguir […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":452,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[5],"tags":[],"acf":[],"yoast_head":"\n
Selic em 2022: analistas divergem nas previs\u00f5es; mas elei\u00e7\u00f5es e teto de gastos preocupam todos | Igor Barenboim<\/title>\n \n \n \n \n \n \n \n \n \n \n\t \n\t \n\t \n \n \n \n\t \n\t \n\t \n