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Selic de 7,5% em 2021 deve reduzir PIB 2022 para perto de 2%, projeta Reach Capital

A Reach Capital elevou a projeção de taxa Selic ao fim de 2021 de 6,5% para 7,5%, após a publicação da ata relativa à última reunião do Copom. Tal nível de juro deverá retirar ao menos 0,3 ponto percentual de crescimento do PIB do ano que vem, reduzindo-o para um nível mais próximo de 2%, calcula o economista-chefe da gestora e ex-secretário adjunto de política econômica do Ministério da Fazenda, Igor Barenboim.

O profissional demonstra preocupação com efeitos de política monetária mais apertada no ritmo da atividade de 2022, dado que o Brasil experimenta só uma “recuperação cíclica”, em linha com o que foi visto em diferentes países, após o forte tombo da economia em 2020.

“Já temos uma insegurança no ar sobre como ficarão as regras de tributação das empresas, que trava as decisões de investimento dos empresários. Ano que vem é ano de eleição, e, apesar de geralmente a economia crescer nesses períodos, tem muitas ações de investimento que dependem de saber quem está no governo federal”, avalia Igor Barenboim.

“Sem o impulso da política monetária, a tendência é de um crescimento mais enxuto mesmo”, pontua. “As avenidas de crescimento estão sendo travadas e só vamos continuar com essa recuperação cíclica. Não acho que a atividade vá desabar ano que vem, mas não vai ser isso que estão achando.”

O economista avalia que a qualidade do crescimento deve ser pior no ano que vem, dado que a tendência é de expansão fiscal (aumento de gastos do governo) conjugada a uma diminuição do consumo e do investimento privado facilitado pelo canal de crédito.

Segundo Igor Barenboim, a inflação de serviços, acompanhada de perto pelo BC como fator com potencial de desancoragem das expectativas de inflação em 2022 e tem ganhado tração em meio à reabertura, ainda não dá sinais preocupantes.

“Os preços de serviços que estão subindo, de aluguel e transporte, têm muito a ver com o petróleo. Mas os serviços puros, como educação, saúde e comunicação, estão com poucas mudanças”, aponta. “Entendo a preocupação de ancorar a inflação de 2022 na meta, mas isso será obtido a um custo não desprezível de perda de fôlego da atividade.”

Por fim, ele enxerga ventos contrários vindos do exterior. “Há muita incerteza à frente, principalmente sobre a variante delta. E 2022 tende também a ser um ano de menos estímulos fiscais e monetários ao redor do mundo”, projeta.

Fonte: Valor Investe